Vai passar por uma anestesia: o que precisa saber!
31/01/2018

Vai passar por uma anestesia: o que precisa saber!

 

     Quando se pensa no médico anestesiologista, frequentemente vem a pergunta: qual a importância desse profissional na minha cirurgia, procedimento diagnóstico ou terapêutico? Além de promover uma inconsciência ou sedação por um determinado período de tempo nesses procedimentos, o médico anestesiologista gerencia todo o período que envolve o ato cirúrgico ou procedimento. Entende-se por esse intervalo de tempo o chamado período perioperatório o qual envolve o pré-operatório (antes da cirurgia), intra-operatório (durante o procedimento cirúrgico nas salas de cirurgia) e o pós-operatório (da recuperação pós-cirúrgica até a alta hospitalar). 

Cada período desses, tem importância fundamental no sucesso de um procedimento cirúrgico, ou seja, receber alta hospitalar preferencialmente, num estado de saúde melhor do que antes da entrada no hospital. Então, o médico anestesiologista é um dos principais envolvidos nesse período perioperatório de gerenciamento da saúde. 

 

Como isso ocorre?

 

     O período pré-operatório começa com a avaliação pré-anestésica. Nela, o médico anestesiologista faz o diagnóstico de eventuais problemas de saúde e institui tratamentos que possam reduzir o risco cirúrgico e melhorar o resultado da cirurgia, como problemas respiratórios, cardiovasculares, neurológicos entre tantos outros. O simples fato de podermos identificar e melhorar, numa avaliação pré-anestésica, uma dificuldade de audição ou de visão num paciente idoso, pode frequentemente, diminuir a incidência de delirium, que é um estado de desorientação com frequente agitação psicomotora no pós-operatório de pacientes idosos.

 

     No período intra-operatório, principalmente nos últimos cinco anos, a evolução em termos de monitorização ocorreu de forma sem precedentes na história da anestesiologia. Poucos sabem, mas, quando um paciente entra na sala de cirurgia, aos cuidados do médico anestesiologista, praticamente, todas as suas funções orgânicas são monitorizadas através de equipamentos complexos resultantes de anos de experiência acumulada pelos médicos anestesiologistas pesquisadores. Tais equipamentos envolvem até mesmo a detecção de anomalias neurológicas através da análise do comportamento das ondas cerebrais e da oxigenação, especificamente do cérebro, durante uma anestesia. Desse modo, podemos identificar um paciente que possui chance aumentada de dano cerebral, como delirium ou um acidente vascular cerebral e instituir tratamento antes que isso venha a ocorrer. Da mesma forma, o aparelho cardiovascular é visualizado pelo anestesiologista através da ecocardiografia e alguns problemas cardíacos podem ser diagnosticados com precisão.

 

Nesse contexto, o médico anestesiologista avalia o sucesso ou não de correções cirúrgicas cardíacas ainda na sala de cirurgia, como o implante de uma válvula cardíaca, permitindo sua correção imediata e não mais tardiamente (muitas vezes precisando de uma segunda intervenção cirúrgica) como no passado. A imagem por ultrassom evoluiu de tal maneira nas salas de cirurgia, que uma simples obtenção de um acesso venoso periférico, se dificultoso, como no paciente dito com “poucas veias visíveis”, é enormemente facilitada pela ultrassonografia, aumentando a taxa de sucesso e a satisfação do paciente. Bloqueios anestésicos tem o auxílio da ultrassonografia e o alvo para a anestesia (nervo periférico) é visualizado e anestesiado com toda a precisão e segurança. Crianças recebem anestesias as quais a pouco tempo não eram seguras sem o ultrassom, permitindo uma melhor qualidade no controle da dor pós-operatória e além disso se beneficiam pela facilidade da técnica guiada pela ultrassonografia para a obtenção de acessos venosos.

 

No âmbito do período pós-operatório, formou-se uma equipe multidisciplinar para o controle da dor pós-operatória. O que significa isso? Significa que profissionais médicos, enfermeiras e auxiliares de enfermagem atuam diretamente no Serviço de Dor Aguda, avaliando diariamente e constantemente a adequação do controle da dor pós-operatória através de medicamentos, bombas de infusão e analgesia controlada pelo próprio paciente. Além de gerar conforto pela ausência de dor, em vários tipos de cirurgia esse cuidado acaba por diminuir as mais diversas complicações que podem ocorrer no pós-operatório, como a dor persistente e crônica após uma cirurgia e a morbimortalidade associada a problemas respiratórios e cardiovasculares.

 

     Tudo isso envolve treinamento contínuo dos anestesiologistas. A educação continuada é parte integral da prática segura da anestesia. No Hospital São José, que é um Hospital Ensino, a oportunidade de aprimoramento por parte dos médicos preceptores e residentes em anestesiologia é real e diária. Há aulas semanais, ambientes de treinamento simulado para imagem e outras técnicas, pesquisas que ocorrem diariamente e muitos profissionais anestesiologistas se deslocam das mais remotas regiões do país para acompanhar tudo isso de perto. Nos últimos anos, formou-se, através da residência médica, especialistas anestesiologistas que atuam na instituição e, alguns deles, receberam, através de provas específicas ligadas a Sociedade Brasileira de Anestesiologia, titulações que gabaritam com um selo de qualidade esses profissionais para o ensino da especialidade.

 

Essa é a realidade atual da Anestesiologia no Hospital São José, onde em um ambiente propício para a medicina de vanguarda, com profissionais reconhecidamente diferenciados, adequa-se todo o conhecimento da educação continuada direcionado a segurança do período perioperatório.

 

(Colaboração: Dr. Eric Benedet Lineburger - Cremesc -012695 - RQE - 6119 - MSC, TSA-SBA

Coordenador da COREME do HSJosé.
Membro do Comitê de Anestesia Cardiovascular e Torácica da Sociedade Brasileira de Anestesiologia
Vice-Presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de Santa Catarina.


 
 

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