Uma captação de órgãos: seis vidas salvas
04/11/2011

Uma captação de órgãos: seis vidas salvas

Criciúma – O nobre gesto da doação de órgãos autorizada por uma família que perdeu o ente querido resultará em benefício de outras seis vidas. Na manhã desta sexta-feira (04/11), foi promovida pela Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) a 9ª captação deste ano no Hospital São José. Foram retirados os rins, válvulas cardíacas, fígado e córneas. Logo em seguida ao término da cirurgia, o material foi encaminhado de avião para a SC Transplantes, em Florianópolis, para fazer a distribuição aos receptores.

 

O doador teve morte encefálica confirmada às 15h15min do dia anterior, pelo neurocirurgião, Dr. André Nesi. O homem sofreu um acidente vascular cerebral hemorrágico em decorrência de hipertensão e cefaléia intensa. Ele deu entrada no Setor de Urgência e Emergência na quinta-feira. A autorização para doação dos órgãos foi feita pela esposa e uma irmã do paciente. Conforme o enfermeiro que comandou o protocolo, Anderson de Santana da Silva, as mulheres comentaram que o senhor era uma pessoa que sempre ajudava os outros, sempre à disposição para tudo que lhe pediam, então, sabiam que, se ele pudesse opinar, faria a doação.

 

Desta vez, o procedimento de captação dos órgãos foi comandado pelo cirurgião da SC Transplantes, Dr. Mauro Igreja, que veio de Blumenau. O médico é um dos mais atuantes da área de transplante de órgãos de Santa Catarina. Ele chegou aqui em 2002 e participou da mudança ocorrida, quando, naquele período, o Estado ocupava a 18ª posição do ranking nacional de captação, saltando, ao longo dos anos, para lugares mais altos e, quase uma década depois, comanda a ponta da lista. Conforme o próprio cirurgião destaca, 2011 deverá ser o de maior captação de todos os tempos, pois já se contam 26 delas para cada milhão de habitantes, sendo que a média nacional é de nove.

 

“O transplante de órgãos não era uma preocupação do Estado no começo desta década. Vim para Blumenau para transplantar fígado, mas o problema é que quase não havia captação”, lembrou Dr. Mauro Igreja. Ele explica que a transformação do cenário não ocorreu de um dia para o outro, porém, partiu da adoção de um modelo que já existia, baseado no praticado na Espanha. “Dentro da Secretaria Estadual de Saúde uma série de pessoas passou a ter vontade de fazer crescer o segmento. Assim, houve o investimento em educação e qualificação dos profissionais”, apontou.

 

Entre as barreiras ainda enfrentadas, o especialista enfoca a dificuldade de autorização para retirada dos órgãos, haja vista que depende dos familiares. “A negativa ainda é grande. Esse é o ponto que há espaço para ser trabalhado, com a conscientização, pois o transplante é o limite, quando não tem mais substitutivo no tratamento”, argumentou o cirurgião. O médico também comenta que os relatos históricos indicam que os primeiros transplantes foram feitos no final do Século 18. Contudo, só na década de 1950 é que, efetivamente, adotou-se como tratamento, ocorrendo o grande impulso no final dos anos de 1980.

 

Taize Pizoni
SC 02553 JP
Assessoria Comunicação - Marketing

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