Alzheimer: do diagnóstico ao tratamento da doença
03/08/2020

Alzheimer: do diagnóstico ao tratamento da doença

     Sabemos que manter hábitos saudáveis, ter uma alimentação equilibrada e fazer atividade física são ações que auxiliam e muito para manter a saúde em dia.

Especialistas alertam que bons hábitos ajudam também no controle e prevenção de doenças como diabetes, colesterol e Alzheimer.

De acordo com a médica geriatra Dra Gabriela Serafim Keller (CRM-16833/RQE-13659), o Alzheimer faz parte de um grupo de doenças que afetam o cérebro. Algumas proteínas que atuam neste órgão, podem causar alteração de memória e consequentemente de comportamento, pois ocasiona atrofia no cérebro e perca neurônios. “Ainda não se sabe exatamente o motivo, mas, na doença de Alzheimer é causada também devido a algumas proteínas (Beta amiloide, TAU) atuarem no cérebro de maneira errada, destruindo os neurônios (células funcionais de cérebro) e causando inicialmente alterações de memória e depois de comportamento.

Por isso, entende-se que bons hábitos como alimentação moderada, atividade física, controle da pressão, da diabetes, do colesterol, são fatores que auxiliam na prevenção do problema. “Sabemos que são várias causas (hábitos de vida não saudável, doenças que afetam a circulação, baixa escolaridade, hipertensão, diabetes, genética e outros) é que ocorre essa atuação de proteínas erradas no cérebro, causando aos poucos a destruição dos neurônios. Mas a causa específica ainda não se sabe”, aponta a especialista.

 

Diagnóstico do problema

                Ficar atento as situações da vida cotidiana que mudaram de tempos para cá, pode ser um fato a se observar pela família, quando se tem pessoas com mais idade no convívio. Esquecer como se faz uma atividade que outrora se fazia todos os dias, não lembrar onde mora, esquecer objetos, esquecer-se de pagar contas, se perder em locais conhecidos, entre outras situações podem ser fatores para a investigação de Alzheimer.

De acordo com a médica geriatra, a parte mais importante para um diagnóstico é a consulta com a história compatível com a doença, o exame físico e depois a avaliação da memória do paciente, que pode ser feita por um médico (geriatra/ neurologista) ou um neuropsicólogo. “Depois de alguns exames, se observado a constatação de que há alteração de memória, diversos exames são feitos. Devem ser feitos exames de sangue para excluir outras causas de esquecimento (deficiência de vitamina B12, infecções, alterações na tireoide, alterações no fígado, uso excessivo de álcool, entre outros), um exame de imagem (tomografia, ressonância). Caso os exames venham normais e o paciente tenha o quadro clínico compatível e as alterações de memória, considera-se provável Alzheimer”, explica.

     Existem exames mais específicos como SPECT , PET-FDG , exame de líquor e exame genético que podem ajudar nos casos de dúvida, porém, eles não são obrigatórios para fazer o diagnóstico e tratamento.

 

O desenvolvimento da doença

            No Brasil, devido ao tamanho continental e dificuldades estruturais na saúde, existem dificuldades em termos estatísticos bem definidos, porém, estima-se que 2 milhões de pessoas possuem demência, sendo que 40-60% delas são do tipo Alzheimer.

Ainda, segundo a geriatra, qualquer pessoa pode desenvolver a doença, porém, ela é muito mais prevalente em idosos, mas existem tipos que ocorrem mais precocemente, aos 50-60 anos, e raros os casos com idade menor. “Chamamos Alzheimer precoce quando ele ocorre antes dos 65 anos. É raro, geralmente ele tem causa genética e o quadro clínico é similar ao Alzheimer. Existem relatos de Alzheimer em pacientes de 30 anos, porém são muito raros”, explica Gabriela.

      Normalmente a doença de Alzheimer, leva de 10 a 15 anos de evolução, em alguns casos evolui rapidamente em poucos anos; porém, o problema não acontece de um dia para outro, nem mesmo de um mês para outro, pois casos assim devem ser investigados com mais precisão, conta a médica.

A especialista afirma ainda, que não existe cura para esta doença, porém, existem remédios que atrasam o desenvolvimento e que, além da parte medicamentosa, é importante o acompanhamento multiprofissional com psicóloga, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e outros.

 

Fases da doença

     Os estágios de uma pessoa que desenvolveu Alzheimer, geralmente dividem-se em três fases: leve, moderado e grave.No começo da doença são pequenos esquecimentos que muitas vezes não são notados e que com o tempo vão se agravando.

A médica explica que, com a evolução da doença, ela pode esquecer, por exemplo, dos familiares, de onde mora, de como fazer as coisas mais básicas como ir ao banheiro, tomar banho. Com o tempo, ela pode perder a capacidade de se vestir, de comer sozinha, de segurar a urina e as fezes. Nas fases mais avançadas, alguns pacientes ficam dependentes de cuidados contínuos e podem ficar acamados com pré-disposição a terem mais infecções de urina e pneumonia.

“O paciente com Alzheimer tem que ser supervisionado sempre, mesmo nas fases mais iniciais pois existe o risco de trocar medicamentos, esquecer o fogão aceso, ou o gás ligado, machucar-se por não ter noção de consequências de atos simples, como pegar uma forma quente no forno, perder-se mesmo em locais conhecidos, perder dinheiro, por isso é importante ser acompanhado frequentemente”, finaliza a médica.

 

(Colaboração: Dra Gabriela Serafim Keller).

 

(foto: banco de imagem).

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