Doação de órgãos, um gesto de amor à vida
26/09/2014

Doação de órgãos, um gesto de amor à vida

 

 

 

27 de setembro dia Nacional dos doadores de órgãos

 

 

Criciúma – Nos dias de hoje já é comum ouvirmos falar sobre doação de órgãos, muito diferente de alguns anos atrás, onde este tipo de atitude ainda era visto como um desrespeito para muitos familiares que tinham seu familiar diagnosticado com morte encefálica.

    A morte encefálica acontece quando todas as funções do cérebro param. O sangue que vem do corpo e preenche o cérebro, é bloqueado, onde acontece a morte do cérebro. O processo é irreversível e é considerado a definição legal de morte.

Antes da morte encefálica ser declarada, os profissionais que ajudam a cuidar  do paciente tentam todas as possibilidades para que o pior não aconteça, mas assim que o diagnóstico de morte encefálica é constatado por um neurologista; após realizar inúmeros exames, não há nenhuma possibilidade de recuperação.

Dar adeus para um ente querido, que teve morte encefálica, é sempre uma situação dolorosa, a pessoa parece estar em sono profundo, isso acontece porque o ventilador mecânico leva ar aos pulmões e o monitor pode constatar que o coração ainda bate, o corpo pode estar quente, e a pele pode parecer estar com uma coloração normal, mas realmente a pessoa não tem mais vida.

Para trazer conscientização às pessoas sobre o assunto, Instituições e Comissões trabalham incessantemente para que as pessoas tenham consciência sobre a importância da doação de órgãos.

As histórias de doadores e receptores de órgãos são sempre situações difíceis, pois perder um familiar nunca será uma situação confortável, e estar á espera de transplante é diariamente um sofrimento que só aumenta. A pessoa luta para estar viva, para ter um coração novo ou voltar a enxergar, e isso depende de outra pessoa, que ela nem conhece.

Foi o que aconteceu com o Isaque Daniel da Silva de 35 anos, natural do Rio Grande do Sul, mas que mora atualmente em Forquilhinha; há quatro anos ele começou a perder a visão.

“Comecei a enxergar pouco, e achava que era apenas falta de vista, mas a situação se agravou e fiquei preocupado quando precisei parar de trabalhar. Procurei um oftalmologista e ele constatou que eu tinha um problema chamado ceracotone. Comecei a usar lente para tentar corrigir o problema, mas não adiantou, e para que eu pudesse voltar a enxergar seria necessário um transplante de córneas. Foi onde me indicaram o transplante. Consultei com o médico especialista de Criciúma que faz transplante de córneas na região, Dr. Marcos Pizolatti, fizemos todos os procedimentos necessários e ele me colocou na fila de espera. Foram seis meses, mas o meu dia chegou e minha gratidão não tem medida. Fiz a cirurgia com o Dr. Pizolatti no HSJosé, dia 30 de agosto de 2014, um sábado, domingo eu já estava de alta. Ainda estou em fase de adaptação, mas já consigo enxergar normalmente. Acho que enxergo melhor do que antes do transplante. Minha visão esta ótima. Minha família toda vai ser doadora de órgãos a partir de agora”, declara Isaque.

 

 

Profissionais capacitados

 

O Sistema Nacional de Transplantes existe no Brasil desde 1997. Desde então, inúmeras ações são realizadas diariamente para disseminar o conhecimento sobre a importância de ser um doador de órgãos.

     O HSJosé, desde 2006 possui a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes – CIHDOTT, o grupo formado por uma equipe multidisciplinar luta para motivar e pedir as pessoas que entendam o processo de doação. Todos os profissionais são preparados pela SC Transplantes – Central de Captação, Notificação e Distribuição de Órgãos e Tecidos de Santa Catarina.

“Este sentido de vida precisa ser discutido no mundo todo. Doar órgãos além de ser um gesto de amor e compaixão, salva vidas. Nosso objetivo é trazer o conhecimento sobre a importância da doação de órgãos para as pessoas” enfatiza uma das enfermeiras que faz parte da CIHDOTT Amanda Cândido.

     O Brasil possui hoje um dos maiores programas públicos de transplantes de órgãos e tecidos do mundo. Com 548 estabelecimentos de saúde e 1.376 equipes médicas autorizadas a realizar transplantes. O Sistema Nacional de Transplantes está presente em 25 estados do país, por meio das Centrais Estaduais de Transplantes.

     Neste intuito e com um único objetivo de sensibilizar as pessoas, o HSJosé por intermédio da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), esta junto nesta luta pela conscientização e informação.

 

 

Seja um doador de órgãos

 

A legislação brasileira estipula que a captação de órgãos só pode ser autorizada pelos familiares até quarto grau de parentesco. Por isso, é importante que o assunto seja divulgado e discutido de forma incansável entre as pessoas, para que todas as dúvidas sejam esclarecidas, e para que desperte na população, a vontade de ser um doador, e o mais importante que comunique à família sobre o desejo.

O dia do Doador foi instituído afim de incentivar cada vez mais a aceitação.  Atualmente só em Santa Catarina 919 pessoas aguardam um órgão para seguir em frente com sua vida (córneas, rim, fígado, coração, medula, pele e ossos). “As pessoas não precisam ter medo, precisamos conscientizar a população sobre o quanto é importante ser um doador. Lidar com a dor, todos sabemos que não é fácil, perder uma pessoa é doloroso demais, mas salvar uma, duas ou mais vidas certamente traz um conforto ao coração”, ressalta a coordenadora da CIHDOTT, enfermeira Daniela Luiz Rocha.

Em 2013, a CIHDOTT do HSJosé abriu 19 protocolos e efetivou 11  captações múltiplas.

Este ano já foram abertos 17 protocolos e efetivados apenas cinco captações de múltiplos órgãos, só no HSJosé.

Desde agosto deste ano a Comissão do HSJosé intensificou o trabalho de conscientização para captação de córneas, desde então, 14 captações já foram efetivadas.

“Temos ouvido dos familiares, quando autorizam a captação, que a doação de órgãos tem contribuindo para superar o momento de luto com  a perda do ente querido. E isso contribui para uma melhor aceitação”, finaliza Amanda.

 

 

 

 

Informação:

 

Ceratocone é uma doença não inflamatória da córnea na qual a baixa rigidez do colágeno corneano permite que a área central ou paracentral assuma forma cônica (do grego: “kerato” significa córnea e “conus” forma cônica). A córnea tornando-se progressivamente mais fina e irregular, resultando na distorção das imagens. 

(Centro Catarinense de Tratamento do Ceratocone – CCTC)

Notícias São José